Silly Season 2022 foi tão rápida quanto os carros da Fórmula Indy
Por Jackson Lincoln Lopes
Geralmente nesse período festivo, entre a virada de um ano e outro, o mercado da Fórmula Indy ferve e se torna tão agitado quanto o final de semana de uma corrida. Assim como no futebol, a inter temporada é marcada por muitas especulações, pois há muitas vagas entre os times e os atletas. No entanto, entre a temporada 2021 e 2022, as coisas estão um pouco diferente.
A afirmação da categoria dentro do território americano nos últimos anos, mesmo com a crise econômica mundial devido a pandemia da Covid19 e somando 25 carros para o grid regular da temporada (número bem alto), fez com que tivéssemos um mercado de pilotos e equipes definido os seus futuros muito antes de dezembro.
Ainda no último final de semana da temporada 2021, em Long Beach, na Califórnia, Romain Grosjean foi anunciado na Andretti Autosport enquanto que Simon Pagenaud trocava a Penske pela Meyer Shank. Falando em Penske, a equipe durante o meio da temporada já tinha anunciado as renovações de seus pilotos por longos anos, exceção feita claro ao francês que deixou o time. Após uma temporada com quatro bólidos, o time chefiado por Tim Cindric estará nas pistas da Indy apenas com três carros.
A Meyer Shank já tinha anunciado Hélio Castroneves para 2022 também durante o meio da temporada 2021. A equipe Arrow McLaren SP já havia anunciado desde o início de 2021, que seus dois pilotos, Patrício O’Ward e Felix Rosenqvist teriam mais anos com o time.
A Chip Ganassi também era outro time que já tinha seu quarteto confirmado para 2022, o mesmo desse ano. A grande novidade é que Jimmie Johnson fará todos os ovais e a Indy500 no ano que vem. Com isso, Tony Kanaan que tem contrato com o time irá disputar os ovais em um quinto carro da escuderia liderada por Chip Ganassi.
A equipe que mais praticou a Silly Season podemos dizer que foi a de sempre, a Dale Coyne Racing. Sabemos que Dale no passado precisava de dois pilotos pagantes para ter as contas em dia, mas há mais de uma década, ele trabalha com pilotos de qualidade e um pagante, desde quando Oriol Servià, Cristiano da Matta, Bruno Junqueira e Justin Wilson estiveram com ele no time.
Em meados de dezembro, Dale anunciou o japonês Takuma Sato em seu carro com a parceria da Rick Ware e dias depois, do vice campeão da Indy Lights e de família abastada, David Malukas, com apoio da HMD, estrutura que o pai montou nas categorias de base para o filho.
A A. J. Foyt Eterprises foi outra equipe que teve muitas especulações. O time poderia continuar com Sebastien Bourdais, ter a colombiana Tatiana Calderón, ter o retorno de Charlie Kimball ou Max Chilton, mas, no primeiro dia de dezembro deste ano, Dalton Kellett e as empresas K-Line da família (principalmente por elas) fizeram com que o canadense boa praça do grid permanecesse no carro Nº 4. O campeão da Indy Lights de 2021, Kyle Kirkwood que levou mais de um milhão de dólares pelo título da categoria de acesso à Indy, ficou com a vaga do carro Nº 14.
A equipe de Bobby Rahal, David Letterman e Mike Lanigan, já têm contrato de múltiplos anos com Graham Rahal, e anunciou Jack Harvey, ex Meyer Shank, duas semanas depois do fim do campeonato deste ano. Christian Lundgaard vindo da Fórmula 2, foi anunciado dias depois do britânico na equipe. Estava formado o trio da Rahal para 2022.
Uma das principais equipes do grid, a Andretti Autosport queria mudanças. E as fez. Não era segredo nenhum as mudanças que estavam por vir. Colton Herta e Alexander Rossi eram os dois pilotos que mais entregavam resultados ao time, enquanto que Ryan Hunter Reay e James Hinchcliffe pareciam ter pego a má vontade de correr que tinha Marco Andretti, filho do dono equipe. Claro, o resultado foi a não renovação de nenhum deles. Os dois podem ficar de fora da Indy. O Canadense arrumou um emprego de comentarista da categoria na NBC, substituindo Paul Tracy depois de vários anos. Ryan Hunter Reay busca uma vaga em tempo parcial na Carpenter, mas até o momento, está apenas twittando sobre IndyCar.
Se Grosjean foi anunciado com pompa em Long Beach, Devlin DeFrancesco foi anunciado em quatro de novembro pelo Twitter sem muito alarde da Andretti, já que é um piloto pagante e que muitos da equipe não o queriam por lá, mas os dólares dele são bem vindos para pagar as contas e manter a operação com quatro carros.
A equipe Juncos que foi a última a participar da festa da IndyCar em 2021, disputando as três etapas finais apenas, antes mesmo da temporada terminar, já havia anunciado a renovação de Callum Illot para a disputa integral de 2022 com time argentino.
Sobraram a Ed Carpenter e a Carlin. Vamos começar pelo time inglês. Max Chilton não está muito animado com o time que ele defende desde 2018. Parece que a equipe também nunca esteve muito animado com o piloto inglês. A Carlin não tem dinheiro. Chilton tem. Mas, gostaria de mudar de equipe. Para uma equipe melhor, já que a Carlin é certamente o time mais fraco do grid, mais do que a novata Juncos, que adaptou o Aeroscreen de última hora. Chegou inclusive a ter comentários de que poderia ter uma união Juncos e Carlin. Talvez aconteça. Talvez não. Talvez nem alinhe o carro Nº 59. O que seria uma pena, pela equipe, claro.
Rinus VeeKay grande destaque da primeira metade da temporada, acertou sua renovação há bastante tempo com a Ed Carpenter no carro Nº 21. Já o carro Nº 20, continua vago. Inclusive vago de patrocínio, já que a Força Aérea norte-americano deixou o time de Ed Carpenter. No carro Nº 20, certo mesmo é que nas provas em ovais, o dono do time continua fazendo as corridas que vira só para a esquerda. Agora, nos circuitos mistos e de rua, talvez o carro nem apareça. Connor Daly foi outro que deixou muito a desejar em 2021. Deve ficar a pé e já anda procurando a Nascar.
Falta dinheiro para a Ed Carpenter. Max Chilton o tem. O carro está ocupado para os ovais apenas. Max Chilton só corre em mistos e de rua. Será que essa conta não fecharia?
O fato real é que hoje com o carro Nº 20 da Ed Carpenter em todas as etapas, teríamos 25 carros disputando integralmente a temporada 2022 da IndyCar Series. Um número espetacular para um ano pós pandemia. E todos com patrocínios fortes.
É evidente que esperávamos por pelo menos 28 carros disputando a Indy de forma integral. Com esses 25, eram esperados o #59 da Carlin Motorsports, o #22 da Penske, um terceiro carro da Arrow McLaren SP que poderá aparecer em algumas etapas do ano, um terceiro carro da AJ Foyt que gostaria de expandir suas operações, talvez o quinto carro da Andretti de volta e claro, o terceiro carro da Dale Coyne que com a saída da Vasser Sullivan e da Sealmaster inviabilizou essa operação. Chegamos perto, bem perto de ter quase que trinta carros no grid.
Não tivemos tantas especulações entre outubro e dezembro, e não teremos até fevereiro. Era legal quando tínhamos, mas por outro lado, com tudo definido, mostra que a IndyCar e seus patrocinadores estão mais firmes do que qualquer década desse novo milênio, talvez tão forte quanto a primeira temporada da CART desse milênio na qual começamos com 28 carros no grid, mas após a saída da Dale Coyne com Michael Krumm e Luiz Garcia Jr., ficou com 26 carros no grid.
Desejamos um super 2022 para você IndyFã e que fique conosco mais uma temporada. Vamos começar com o pé direito, estando in loco no Grande Prêmio de Saint Petersburg daqui 60 dias.